Antônio da saudade
Qualquer fila gera comentários. Essa é a história de um homem em uma fila de banco qualquer. Um senhor de aproximadamente 60 anos chega na agência bancária para marcar seu lugar na fila. Ele tem um cheiro que todos identificam, mas ele próprio não sente. Com a blusa mal passada e um guarda-chuva na mão, ele parece lamentar ter que esperar. Cansado, ele pega o lixeiro branco que está na sua frente e o ressignifica. O lixeiro vira uma poltrona para as pernas sexagenárias e impregnadas de artrose. Tenta reivindicar seu direito na fila, por ser idoso, mas sem sucesso, todos na fila têm a cima de 60 anos. O queixo escorado no cabo do guarda chuva revela a sonolência daquele senhor. Ele tenta puxar conversa com as outras pessoas que estão na fila, mas estas parecem o rejeitar. Até que uma senhora lhe pergunta a hora. Constrangido, ele responde que não sabe. O relógio, presente de sua mulher, está parado há um bom tempo, desde que ele ficou viúvo. Para ele o tempo estagnou ali. Ele sen...