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Mostrando postagens de julho, 2016

O causo de Antônio: Entre a espingarda e a caneta

De dia um sol endiabrado. De noite uma vista angelical. As três Marias desfilam na imensidão azul acalmando os pensamentos e o coração de Antônio. Recebeu nome de Santo, pois segundo a crença popular, menino que nasce com o cordão umbilical enrolado no pescoço tem que atender por Antonio. À espera do sono, o menino raquítico e de índole em formação divaga diante de uma cachoeira de sonhos. Um deles é crescer e ser um grande escritor.  A primeira vez que segurou uma caneta sentiu um tremor na mão, pois as palavras queriam encher o guardanapo de histórias. O mesmo sentimento de quando levantou uma espingarda.   A ausência de sono o deixava feliz, pois era o momento mais propício para escrever e desenhar causos do cotidiano. Quando lhe faltava papel ou guardanapo, descansava sua criatividade na parede no pequeno quarto sem cor, sem vida, lotado de mofo. A casa do miúdo Antônio perdia-se no meio do sertão. De alvenaria, com poucos cômodos, um fogão a lenha e um bocado de ar...