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Mostrando postagens de abril, 2013

Cuide bem do seu amor!

Não contente com o resultado do jogo, Joel prometeu que não iria mais ao estádio. Percebeu que era um torcedor fraco porque seu time era um fracasso. Mas, por que tanto amor? Por que o choro depois da derrota? A inconsolável tristeza da promessa o fazia perceber a dificuldade da separação. Os primeiros dias foram duros, tentava não sair de casa, se saísse seus conhecidos iriam comentar sobre o jogo e ele, em outros tempos, iria defender seu time, mas agora iria se calar. A situação crítica da saudade de Joel ocorreu duas semanas após sua promessa quando, pela janela, viu uma criança trajada com o uniforme do time do coração. Sentiu a nostalgia bater na porta, pois via o seu reflexo naquele garoto. Tentou a carreira, mas o barraram por causa do tamanho. Passou a escrever textos esportivos, sem publicá-los, guardava suas lembranças em cima das linhas tortas que ele mesmo pautava.  Eram poucas palavras. Toda sua emoção cabia em uma folha, afinal é um cara tímido e sucinto. ...

Fingimento cretino

Quando pensaram pela primeira vez em ficar juntos fizeram expressão de nojo, simultaneamente. Apesar de se conheceram há alguns anos os dois se abraçavam perdidas vezes. Quem os observava de longe notava uma certa aproximação no olhar e quem os analisava de perto sabia que daquele mato nunca sairia um “Eu te amo”. Um era ignorante, mas compreensivo. O outro era sensível, só que egoísta. Não sentiam frio na barriga quando se viam. Ajudavam um ao outro, mas sem segundas intenções ou beijo de agradecimento. Era uma relação infinita até que a morte chegasse.             Acontece que os dois tiveram que fingir. Fingir que eram apaixonados. Eram dois atores cretinos. Fingiram estar fingindo. Fingiram tão bem que se esqueceram deles e viraram personagens. E aí começou a temporada de beijos, abraços, amassos. Nada de promessas, afinal era um fingimento consciente. A decisão de “desencarnar” os personagens só veio quando um sentiu pela...