O tal da vida

Há uma tal tristeza presente nesse coração. Há uma ilusão insistente que teima em permanecer. Há dias ensolarados seguidos de fortes pancadas de nebulosidade. Há uma tal vontade desesperada de companhia da solidão. Sentimentos avulsos e incoerentes são sintomas de uma tragédia anunciada ou de uma comédia improvisada.

Houve um tempo em que a tristeza tinha fim e a felicidade era reciclável. Por anos, os dias não eram enfadonhos, o que culminava numa forte atração pelo verbo viver. Houve um tempo que não havia tempo para pensar.

Algo parece estar errado. A inocência da criança foi perdida, a rebeldia da adolescência foi vencida pelos argumentos bem elaborados.

Há uma tal beleza nas lembranças, há uma tal gentiliza naquele olhar. Há uma aflição oriunda de um tal prazer duvidoso que permanece na linha da neutralidade.

Há guerra, seguido de um tal descontentamento impróprio para a idade. Há vício de sonho. Tudo se modifica, nada mais se solidifica. Sim, agora é tudo ou nada.

Humanos são verbos intransitivos.

Há uma tal vontade de ver um anjo. Há uma irreal busca maçante da felicidade. A felicidade estampada na publicidade. Abra e coma sua felicidade. Depois evacue e a consuma novamente. E assim há uma tal sensação de ser feliz.

Há um sopro no coração dos mais esperançosos. Há cordialidade governando a humanidade. Há uma tal tristeza nesse coração. Há um tal totalitarismo circulando por esse tal. 

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