Aviões fantásticos e outras histórias

É interessante observar o olhar de admiração/curiosidade/afeição/estranhamento que as pessoas esboçam com a chegada de um avião. Ontem estive no Aeroporto de Juazeiro do Norte e não pude deixar de notar aqueles olhares desnorteados e ao mesmo tempo focados em direção a um lugar: a pista de pouso. Do garotinho no braço da mãe à espera do pai ao velhinho que carregava em sua expressão a agonia da saudade.

Olhos curiosos dançando pra lá e pra cá, numa valsa bem ensaiada e com  seriedade de m tango legítimo. Olhares aflitos na imensidão do horizonte que não apontava nenhum passarinho gigante pronto pra posar. 

Um clima de agitação se instalou quando um homem gritou “Lá vem ele”. E o garotinho dizia “É papai, é papai”. Quando o avião posou foi possível sentir o alívio daquela gente que mesmo admirando a performance daquele negócio enorme, ainda não consegue confiar totalmente.

São tantos “Graças a Deus” juntos que mais parecem ecos. Seguidos por “Tem que ser muito inteligente pra colocar um bicho desse tamanho numa vaga dessa”. E ninguém vai embora até o avião fazer a baliza e os passageiros descerem. Até o caminhão que leva o combustível para abastecer a aeronave é seguido pelos olhos atentos de todos. Percebo, que as pessoas querem entender como colocar aquilo no ar é possível. Reconhecer que podemos voar sem asas ainda é uma tarefa complicada para muita gente (estou inclusa nesse pacote).

O pai do garotinho, enfim desceu do avião. O menino não para de gritar pelo pai. Uma felicidade espontânea. Uma felicidade diferente daquela de quando ele viu o avião posar. Afinal, ver o avião chegar é legal, mas é uma felicidade instantânea. Ver o pai chegar é um instante que fica eternizado na memória.

Só pra constar: Fazia 38º. Todo mundo com um papel se abanando, mas ninguém arredava o pé dali, onde o sol parecia morar. 

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