Atraso
Ninguém sabe o dia que parte
Menos Seu pereira
Que sabia e não escondia
Seria num dia qualquer de outubro
Vítima de enfarte
Padre Cícero teria lhe adiantado o assunto
O
finado mês chegou
Seu
Pereira começou os preparativos
Estava pronto pra enfrentar seu destino
Se
é pra morrer tem que ser com dignidade
Jamais
de improviso
Encomendou
caixão, velas e ingredientes pro caldo
Chamou
até gente pra fingir saudade
E
ficou de sobreaviso
Convidou
o povo pro velório
Outubro
passou e nada aconteceu
Seu
Pereira indignado continuou o falatório
Sobre
sua morte que não veio
Diante
do imprevisto
Percebeu
que aquilo era um sinal
De
que talvez fosse imortal
Deixou
de tomar os remédios
Acendeu
o cachimbo
Foi
refletir lá pras banda do quintal
E passou
o resto dos dias morrendo de tédio
No
alpendre divagou
Sobre
o tempo e o destino
De
repente lhe deu uma caganeira
E Diante
de uma suadeira e grave situação
Seu
Pereira morreu naquele dia
Numa
noite fria, vítima de pneumonia
Quando
o encontraram
Já
tinha passado dessa pra melhor
O
povo danou-se a falar
Que
aquilo era castigo
Por
se achar muito sabido
Alguns
dias se passaram
E ninguém mais falou do falecido
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