Caminhada de quinta


Depois da caminhada ao bairro Seminário, ao lado de minha irmã e de minha prima, achei que não aguentaria outra ladeira no mesmo dia. Mas, sabe o que acontece? Quando começo com os exercícios físicos fico numa empolgação fora do normal, mesmo com minhas pernas pedindo pra parar. Uniformizada com a blusa da seleção brasileira minha prima me convidou para ir à caminhada de um dos candidatos a prefeitura de Crato. Como boas “andadeiras” fomos enfrentar mais uma ladeira rumo ao Bairro Pantanal. Nunca tinha ido para tal lugar, mesmo sendo na cidade em que moro. Quando chegamos em frente ao clube, não parava de reclamar:

“Tem que subir a ladeira inteira”?

Alana me consolava dizendo que não, na primeira esquina nós iríamos dobrar...

         Em seguida me desesperei por que lembrei que estava com a camisa da seleção brasileira, a camisa amarela. Amarelo na campanha política da cidade significa o outro candidato, candidato esse que não era o que iríamos acompanhar na tal caminhada. A cor deste é verde. E a maioria das pessoas estavam mesmo de verde... E eu de amarelo. E minha prima de Preto. Preto, mas com o slogan da festa da família Brito (Brito Fest), essa blusa iria render uma pequena conversa mais tarde...

Eu e Alana enchemos nossas blusas de adesivos do candidato, afinal eu já estava de amarelo, se não colocasse um adesivo iria ser uma espécie de estranha no Pantanal Cratense.

Como Alana tem algumas alunas que moram no bairro citado, não passamos muito tempo com sede. Sede essa que já estava provocando uma sensação de arrependimento de ter me esforçado tanto naquela caminhada. Mas, era questão de orgulho sair do sedentarismo. Entramos na casa de uma das alunas de minha prima, fomos muito bem recebidas e provando mais uma vez o refrão da música simplicidade “Quanto menor a casinha, mais sincero o Bom dia”, no caso “Boa noite”.

A caminhada se estendeu muito por que os candidatos entravam de casa em casa  cumprimentando os moradores, adorando ser “humilde”, tomando um cafezinho e pedindo apoio. Sei que essa forma de fazer companha se configura há décadas e é realizada em todos os lugares do Brasil, não digo do mundo por que não conheço outras culturas. Mas, gostaria que essa prática de visitar os bairros fosse feita quando os candidatos fossem eleitos, por que nem preciso dizer o que acontece depois que a campanha termina.

No meio da caminhada, o candidato a vice-prefeito veio falar comigo e com minha prima. A camisa de Alana da Brito fest chamou a atenção dele, pois ele também carrega em seu nome o sobrenome Brito. Com toda simpatia, típico ou não de campanha política, ficou feliz em saber que somos da família Brito do Sítio Juá, sobrinha de Maria Emília, muito amiga de seu pai. Apertou nossas mãos com tanto gosto que até parecia que já nos conhecíamos. Depois desse encontro já não aguentava minha canelas, e eu e alana descemos para casa.  Ao chegar  em casa, mancando e muito cansada, relatei tudo para meus pais e mainha falou:

“Vai tomar banho”! Eu posso contar a história mais empolgante do mundo, mas mainha sempre pede pra eu ir tomar banho... Meu Deus!!

“Não mainha, vai já começar Carrossel”.

Foi uma caminhada de quinta-feira, mas de primeira qualidade, tanto no sentido saudável como para enxergar e reconhecer o cotidiano. Depois de ver cenas da realidade, preferi me entreter e dar risada com a ficção e a inocência das crianças. Se a inocência fosse transmitida para a vida adulta, talvez as visitas dos candidatos à população fossem mais sinceras e não somente antes da campanha, mas depois dela também.

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