Meus dias no Perú - Parte I
A cordilheira dos Andes... Tenho que começar por ela. É tão bela, tão grandiosa e delicada. Ao mesmo tempo, forte, concreta e abstrata. Uma pintura infinita aos olhos. A cordilheira dos Andes é diversidade em cada ponto. Já foi testemunha de tanta história. Fica na memória de quem passa por ela. Em alguns momentos um tom grisalho enaltece seu brilho.
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Cordilheira dos Andes |
Você já se sentiu pequeno? Eu já. Diante da Cordilheira, era tão menor de que uma formiga. E só nos resta agradecer. É uma imensidão em silêncio que diz muito. Cada turbulência enfrentada valeu a pena.
Cusco. Que cidade encantadora. Um cartão postal para os olhos. Rodeada de história, beleza e montanhas que nos deixam sem fôlego, literalmente. A cidade que foi a capital do Império Inca está situada a 3.400 metros acima do nível do mar. A respiração se perde em um lance de escadas. O corpo sente a mudança climática assim que você cruza a cordilheira dos Andes. Porém, cada ladeira, cada esforço, é recompensada. Folhas e chá de coca para todos os lados. Excelentes para sua adaptação.
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Plaza de Las Armas - Centro de Cusco |
“Radio Panamericana: Lo que el Perú quiere escuchar”. ‘Despacito’ era a música que tocava na rádio que ecoava dentro do táxi de Luís. Por falar em Luís, tenho que dedicar um parágrafo somente para ele. Luís, muito simpático, assim como todos os peruanos com quem falei. Numa espécie de portunhol bem executado conseguimos conversar. Em um trajeto curto entre o aeroporto e o hostal, ele foi mostrando os principais pontos turísticos da cidade. Luís também dava dicas para me acostumar mais facilmente à altitude:
- Paseos ligeros, comer pollo y tomar mucha agua.
Segui as instruções de Luis e deu certo.
A plaza de las Armas é um mini-mundo. É a concentração de povos, idiomas, culturas. Um aulão de antropologia. Tudo acontece lá e ao mesmo tempo. É gente de todo o lugar do planeta, danças tradicionais peruanas animando o fim de tarde, restaurantes, lojas, casas de câmbio, pessoas te abordando para fazer passeios turísticos, massagens, tirar fotos com lhamas, enfim: tem de tudo!
Acostumada a uma temperatura acima de 25º, imagine só enfrentar na primeira noite em Cusco um frio de 2º. Cachecol e luvas são acessórios indispensáveis para sobrevivência. Banho APENAS com água quente. Mas, nem a novidade do frio de 2º me deixou desconcertada. Felicidade era meu sobrenome. Era a primeira parada em busca da realização de um sonho.
O espanhol dava pra desenrolar e os peruanos têm uma boa noção de portunhol. A dificuldade aparecia quando eu esquecia que estava longe de casa e começava a falar 'nordestinês'. Utilizei o verbo "arrodear" para pedir informação. Acho que você já pode adivinhar a resposta:
- "No compreendo"
Papas. A maioria dos pratos no Peru vem acompanhada de papas. Batatas de todo jeito e de toda espécie. O país produz mais de 5.000 espécies de batatas, então tá explicado essa preferência nacional.
Inka Cola: Há seis anos não bebo refrigerante, mas abri uma exceção para Inka Cola: refrigerante típico do Peru, amarelo, com gosto de chiclete. Me apaixonei. Ainda bem que não vende no Brasil.
O Peru é o país da pechincha. A moeda é o Nuevo Sol ou Soles. Se te oferecem um produto por dez soles e você diz que não, eles baixam pra cinco soles em uma velocidade surreal.
Um povo simples e simpático. Sim, me senti em casa. Creio que foi um dos motivos p que me deixou encantada por Cusco. Tirando o frio, em diversos lampejos de saudade, Cusco me lembrou o Crato. A primeira, rodeada de montanhas arranha-céu. A segunda, rodeada pela Chapada do Araripe.
Continua...
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