Parte III - Machu Picchu
Há exatamente um mês estive em Machu Picchu. Vi o sol nascer em uma das sete maravilhas do mundo moderno e vivi uma realidade que ultrapassou as fronteiras de qualquer expectativa. O ano era 2004, durante as aulas de História, quando o sonho de conhecer Machu Picchu floresceu.
O ano é 2017, especificamente, 06 de junho. O dia que cheguei lá. Não estava dentro de um livro, embora respirasse história naquele momento. Não era uma pesquisa do Google, embora ainda olhe para as fotos sem acreditar que estive ali. Depois de uma fila gigantesca e uma viagem de meia hora de ônibus, observando precipícios, montanhas e alguns aventureiros que percorriam o caminho a pé, cheguei. Finalmente cheguei e entendi o porquê de Machu Picchu também ser conhecida como “cidade perdida”.
![]() |
Uma das sete maravilhas do mundo moderno. Um sonho, um encanto! |
A cidadela dos Incas é longe. Requer disposição e fôlego. Cada respirada mais a fundo, cada lampejo de saudade, cada esforço, valeu e como valeu. Lembrei-me de tudo que já tinha enfrentado para estar vivendo aquele momento especial e como a distância e a saudade pesa na mochila. Mas, naquele lugar mágico, você só tem tempo de admirar e escutar o vento conversando ao pé do ouvido.
Era 06h30min e um frio nunca antes sentido por uma sertaneja, filha do Crato, lá das bandas do Sítio Juá/ Sítio Boqueirão, acostumada com o calor de setembro/outubro. Com o ticket na mão, a ansiedade batia em meu ombro. Porque imagine só, era seu sonho de criança prestes a se tornar realidade. Quando o cara carimbou meu ingresso e disse: “Bienvenida a Machu Picchu”, todo o meu corpo sorriu.
E eu respondi ao cara com um "foi boa", ao invés de ‘Gracias’.
Machu Picchu é inacreditável. É surreal. É uma experiência única. É muito mais do que imaginei. É melhor. Mais bonito que nos livros e no Google. Machu Picchu salta em você e te abraça com uma beleza natural que, de início, eu não sabia nem pra onde olhar. É impressionante como toda aquela estrutura resiste ao tempo.
Os olhos não alcançam tamanha beleza e grandiosidade. Você já se sentiu um grão de areia? Lá eu era muito menos. Um silêncio que fala. Um fôlego que se perde. Um vento que sopra no cangote. Um lugar que emana magia, mistério, história. O nascer do sol em Machu Picchu é um espetáculo a olho nu. Várias nacionalidades juntas e a mesma reação: UAU!
O calor aumenta consideravelmente e me faz lembrar o calorzinho do meu Crato. Havia uma pedra escondida entre a vegetação e as montanhas que dava para descansar e de quebra curtir o visual. De frente, Huayna Picchu (“Montanha nova”), do outro lado a montanha Machu Picchu (“Montanha velha”). Uma mais bonita que a outra. Se fosse para eleger um sentimento que resumisse tudo o que eu estava vivendo naqueles dias, seria: Gratidão. Então era preciso agradecer. Agradeci por toda aquela experiência e enquanto Machu Picchu me observava e o sol me iluminava.
Into The Wild |
![]() |
A cidade perdida dos Incas |
Creio que não consegui ver tudo. Repito, é grandioso! Quando estava indo embora, muito cansada, mas tão feliz, prometi que voltaria. Ali é aquele típico lugar que é necessário voltar mais vezes. Porque Machu Picchu é sim de outro mundo, de outro tempo, outra dimensão, no meio do Peru, afundado nas montanhas, tornando o lugar inacreditável, uma realidade brilhante.
Às vezes faltam as palavras. O sentimento é tão intenso que não tem como resumir em uma única palavra ou numa série delas. Às vezes ‘obrigada’ não comporta o tamanho da gratidão. ‘Amor’ não chega nem perto do que é sentir o coração acelerado ao ver alguém. O que eu senti naquele dia não cabe na palavra ‘felicidade’, fica espremido devido a intensidade do sentimento. Naquele dia, a “poeira das estrelas, ainda que escondidas, parecia estar em minhas mãos” e Deus, o tempo todo lá, entre Huayna Picchu, Machu Picchu Montanha, o sol, o céu, as montanhas, o vento.
Comentários
Postar um comentário