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Mostrando postagens de 2017

A verdade que ninguém comenta

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Poderia ter um recadinho na geladeira, no armário da cozinha, no espelho do banheiro, na escrivaninha, avisando que crescer dói e dói muito. Mas, o criado-mudo não fala. Ninguém comenta. Se tivéssemos esse aviso prévio desde o nosso desligamento com a placenta creio que não seria tão dolorido assim. Crescer no sentido de amadurecer é uma fase complicada em que somos jogados na parede, pressionados pela própria vida “cresce ou cresce”. Aprender com os nossos erros, ou seja, am adurecer é um exercício diário.  Somos obrigados a levar a sério o lance de ser adulto. Não é fácil, mas a vida é assim, feita de ciclos! O ideal seria que esses ciclos fossem interdisciplinares. Quantas vezes já precisamos da mão de alguém, mas essa mão não pôde estar lá com você porque estava ocupada demais com o lance de ser adulto? Reunião, pausa para o café, pagar boletos, cansaço, dormir. E se repete até a aposentadoria (agora não sei, já que a aposentadoria se tornou uma coisa muito distante pra que...

A felicidade só é real quando compartilhada

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Chris McCandless   Antes mesmo de conhecer a história de Chris McCandless (Alex Supertramp) eu já acreditava que a felicidade só pode ser sentida em sua essência quando compartilhada. Tudo bem que ter momentos sozinhos é importante para amadurecer nossas perspectivas, costurar pensamentos e promover um autoconhecimento. Momentos que não ultrapassem às 24 horas do dia durante todos os dias da semana. Momentos que não sejam transformados em rotina. O total isolamento fere nossa origem. E é na simplicidade das atitudes que a felicidade faz morada. Porque o simples é onde está a grandeza da vida. Quando você está feliz consigo mesmo, um sorriso compartilhado faz toda a diferença.  Por mais que você confirme e defenda a ideia de que é melhor ficar isolado, há ao menos uma pessoa no mundo que você queira estar perto. E não falo nem de questão geográfica. O mapa não separa ninguém. Sabe aquela pessoa que você confia, que você conta tudo, que está dentro das suas histórias, ...

Pinha nunca mais!

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Pinha ou fruta do conde Eu tinha oito anos quando tive a pior dor de barriga seguida de vômito da minha vida. Lembro que estava sentada no trono, desmanchada em merda, a porta do banheiro semiaberta e eu gritando ao pé do ouvido de mainha: “se eu não morrer hoje, nunca mais eu como pinha”. Foi o juramento mais bem jurado da galáxia. Havia muito drama, mas havia muita dor também. Era uma cena lamentável. Diarreia pelos fundos, lágrimas pelo corpo e a goela já assada de tanto vomitar. A verdade é que o problema não tinha sido a pinha em si, mas o exagero, pois sempre tive o olho bem maior que a fome. Meu olho era tipo do tamanho do pescoço da girafa e meu estômago pouco maior que uma rã. Me acabei na pinha, literalmente. Que eu lembre foram sete pinhas, alternando entre maduras e verdes. Naquele dia almocei, lanchei e jantei pinha. Comi aquela frutinha verde como se fosse o último dia da vida. E ela parecia tão inofensiva. Certamente, seria a última vez que comeria pinha. E foi....

Não será sempre cinza assim

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O início da estrada é uma reta. Abasteça o tanque com simplicidade, que a viagem seguirá tranquila. Aos poucos, nos deparando com as curvas, na maioria das vezes, desafiadoras. Outras curvas são alívio, pois é nelas que encontramos a essência da estrada, aquilo que nos move. Seguimos. Ao longo do caminho paramos em alguns lugares para descansar. Nessas paradas encontramos afeto, o pôr do sol, o nascer do sol, um alpendre onde o vento faz a curva... E tudo passa. Seguimos viagem. Ninguém sabe ao certo a quilometragem, mas é preciso continuar. Às vezes o pneu fura, o motor dá uma pane, a bateria descarrega. É preciso continuar. A viagem é difícil, mas vale a pena. O céu estrelado ilumina a noite dos viajantes. Durante o dia, o sol do sertão também ilumina a jornada. O cansaço chega, mas também passa e amanhã o dia renasce. O melhor dessa viagem é compartilhar a felicidade com outras pessoas que encontramos no caminho e seguem viagem com a gente. Toda manhã é um presente para o vi...

Parte III - Machu Picchu

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Há exatamente um mês estive em Machu Picchu. Vi o sol nascer em uma das sete maravilhas do mundo moderno e vivi uma realidade que ultrapassou as fronteiras de qualquer expectativa. O ano era 2004, durante as aulas de História, quando o sonho de conhecer Machu Picchu floresceu. O ano é 2017, especificamente, 06 de junho. O dia que cheguei lá. Não estava dentro de um livro, embora respirasse história naquele momento. Não era uma pesquisa do Google, embora ainda olhe para as fotos sem acreditar que estive ali. Depois de uma fila gigantesca e uma viagem de meia hora de ônibus, observando precipícios, montanhas e alguns aventureiros que percorriam o caminho a pé, cheguei. Finalmente cheguei e entendi o porquê de Machu Picchu também ser conhecida como “cidade perdida”. Uma das sete maravilhas do mundo moderno. Um sonho, um encanto! A cidadela dos Incas é longe. Requer disposição e fôlego. Cada respirada mais a fundo, cada lampejo de saudade, cada esforço, valeu e como valeu. Lembrei...

Parte II - Águas Calientes/Machu Picchu Pueblo

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Cinco graus marcaram a segunda parada para a realização do meu sonho de infância. O trem, saindo da Estação de Poroy (Cusco), partiu pontualmente às 06h40min. As janelas embaçadas pelo frio não atrapalharam o cenário natural que passava diante de mim. Eu, ainda incrédula com tamanha beleza, estava dentro de um sonho. Nunca havia viajado de trem, então acabei vivendo uma experiência que nem estava dentro do roteiro primário, mas que veio para enaltecer esta jornada pelo Peru. Congelante Não consegui pregar os olhos durante a viagem sobre os trilhos, queria deixar aquela sensação de paz e felicidade bem guardada na memória. E não tem como dormir com uma série de montanhas e o Rio Urubamba te convidando para viver este sonho. Por vezes, me perdi tentando enxergar até onde iam algumas construções Incas que já estavam à mostra. Cheguei ao Povoado de Águas Calientes/Machu Picchu Pluebo ainda pela manhã. A temperatura estava bem mais agradável que em Cusco. Ao cruzar a ponte de madei...

Meus dias no Perú - Parte I

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A cordilheira dos Andes... Tenho que começar por ela. É tão bela, tão grandiosa e delicada. Ao mesmo tempo, forte, concreta e abstrata. Uma pintura infinita aos olhos. A cordilheira dos Andes é diversidade em cada ponto. Já foi testemunha de tanta história. Fica na memória de quem passa por ela. Em alguns momentos um tom grisalho enaltece seu brilho. Cordilheira dos Andes Você já se sentiu pequeno? Eu já. Diante da Cordilheira, era tão menor de que uma formiga. E só nos resta agradecer. É uma imensidão em silêncio que diz muito. Cada turbulência enfrentada valeu a pena. Cusco. Que cidade encantadora. Um cartão postal para os olhos. Rodeada de história, beleza e montanhas que nos deixam sem fôlego, literalmente. A cidade que foi a capital do Império Inca está situada a 3.400 metros acima do nível do mar. A respiração se perde em um lance de escadas. O corpo sente a mudança climática assim que você cruza a cordilheira dos Andes. Porém, cada ladeira, cada esforço, é recompens...

O que é aproveitar a vida pra você?

É correr na Praça Alexandre Arraes ao som da música tema de Rock Balboa e me sentir o próprio Balboa. Por alguns minutos esquecer daquilo que é banal, mas que de alguma forma consegue ter um espaço saliente em sua vida. É ler poema de Pessoa e saber que sua alma, assim como a minha “é um lago de indecisões”, e quando Leminski diz “que tudo passe, mas passe bem”. E depois escrever alguns versos distraídos, entre um gole e outro de café. É ficar encantada com uma grande história (verídica ou fruto da imaginação). É se reconhecer em um personagem como me reconheço na Rory Gilmore. É sorrir por nada, até por que, desde quando é necessário de motivo pra sorrir? É escutar Adele e ser transportada para aquela melodia que fala com você. É tão empolgante quando uma música fala com você, pra você. É observar as pessoas da janela do ônibus e depois escrever sobre elas. É viajar e conhecer lugares novos. É assistir ‘Na natureza selvagem’ 10 vezes e admirar a coragem de Alexander Super...