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Mostrando postagens de 2012

Antônio da saudade

Qualquer fila gera comentários. Essa é a história de um homem em uma fila de banco qualquer. Um senhor de aproximadamente 60 anos chega na agência bancária para marcar seu lugar na fila. Ele tem um cheiro que todos identificam, mas ele próprio não sente. Com a blusa mal passada e um guarda-chuva na mão, ele parece lamentar ter que esperar. Cansado, ele pega o lixeiro branco que está na sua frente e o ressignifica.  O lixeiro vira uma poltrona para as pernas sexagenárias e impregnadas de artrose. Tenta reivindicar seu direito na fila, por ser idoso, mas sem sucesso, todos na fila têm a cima de 60 anos. O queixo escorado no cabo do guarda chuva revela a sonolência daquele senhor. Ele tenta puxar conversa com as outras pessoas que estão na fila, mas estas parecem o rejeitar. Até que uma senhora lhe pergunta a hora. Constrangido, ele responde que não sabe. O relógio, presente de sua mulher, está parado há um bom tempo, desde que ele ficou viúvo. Para ele o tempo estagnou ali. Ele sen...

Túlio

Túlio escutava a música Tempos Modernos e não acreditou que o tempo escorre pelas mãos. Túlio não é bom em apresentações, nem em qualquer coisa que volte a atenção para ele.  Segue o coração, sempre. Toda vez que tentou usar a razão para resolver questões matemáticas e pessoais não deu certo. Túlio é do tipo cheio de manias. Manias esquisitas. Manias do mundo moderno. Não gosta do cheiro de pasta de dente, não senta em banco de ônibus que o estofado estiver rasgado, não gosta de tomar banho, mas toma. Diferentemente de muitas pessoas, Túlio é sensível ao distinguir entre aquilo que não gosta e do que é necessário. Ele não tem muitas ambições, mas todo sábado aposta na loteria. Túlio acha que gosta do que faz, mas a vida não está fácil para ninguém. Na flor da idade, de vez enquando passa por algumas crises existenciais, normal! Se apaixona todos os dias e tem uma imaginação fora do comum. Apesar de ter 18 anos, Túlio acredita que pode lutar como Jason Bourne, que o beco diag...

Sonho e medo são antagônicos

Li uma frase que me fez refletir. “Medo e sonho não devem caminhar juntos”. Sempre é fácil falar. É o medo de aventurar-se, é a oportunidade que não é o sonho. O cotidiano revela várias paisagens e sentimentos que ecoam nas curvas do cerebelo e no coração que ás vezes é duro de aceitar. Temer não é um defeito e nem qualidade. Temer é um verbo de impacto que nos amedronta pelo seu complexo significado. O medo é complexado. Às vezes nem é medo, é nojo. É ruim ter medo das pessoas, mas isso já virou hábito ou até mesmo uma necessidade. É o medo de viver. Viver não combina com temer. Sonhar é indefinível, inexplicável, infinito e único. Medo é apenas indefinível e inexplicável. Dependendo do medo, ele pode ter um fim. E o medo vai de acordo com a pessoa, com sua devida repetência, por isso não é único. Sabemos bem lá no fundo, que nem que seja na nossa cabeça, o sonho é tão possível quanto ter medo de barata. O medo estraga. Frio na barriga não é característica de medo e sim de posit...

Há quem pense, só pense!

Há quem diga que a cordialidade está fincada nas raízes brasileiras. Essa cordialidade explica muita coisa. Na verdade, todos os dias alguém inventa algo para explicar o até então inexplicável. E isso acontece por causa da diversidade de personalidades.          Há quem escute música e se apaixone, chore, tenha lembranças. Para alguém uma música já significou um determinado tempo da vida. Veja bem, Paulo nunca gostou de Los Hermanos, mas era “O vencedor” que estava tocando quando conheceu Ana Júlia. Tem música que define o sentimento e parece falar com você. Quem nunca escutou uma música e achou que ela foi feita especialmente pra você? Enquanto uma pessoa pensa nisso, outras milhões pensam a mesma coisa. Há quem pense que “Bom dia”, “Boa tarde” e “Boa noite” só possam ser dados a pessoas conhecidas, mas há quem pense o contrário. Se bem, que há quem pense que furar a fila do banco não é um ato corrupto.  Há quem pense que ir para missa todos os dias...

O motivo excedeu o machismo

Sem que ninguém saiba, os homens choram. Escondidos ou fingindo eles geram lágrimas. De crocodilo? Pode até ser, mas não deixa de ser lágrima. Outro dia o cara chorou na fila do banco porque não havia conseguido um empréstimo pra construir sua casa. No dia seguinte um deles chorou porque seu time perdeu a partida contra seu principal rival. Chorava porque era um louco, um louco de amor. O rapaz derramava lágrimas porque a mulher tinha perdido o bebê. E o que estava ao seu lado, chorava de alegria porque a namorada havia feito o teste de gravidez e o resultado deu negativo. O senhor de meia idade chorou enterrando sua esposa e por sentir que sua hora também chegaria. O filho de Aparecida sentou no banco da praça e dormiu, aos prantos, pois perdeu o emprego. Aparecida também chorou quando recebeu a notícia, mas é preciso enfatizar que ele chorou mais. Eduardo chorou muito quando viu as luzes do mundo, especificamente as luzes da sala de cirurgia. Desembestou a chorar quando sentiu ...

Caminhada de quinta

Depois da caminhada ao bairro Seminário, ao lado de minha irmã e de minha prima, achei que não aguentaria outra ladeira no mesmo dia. Mas, sabe o que acontece? Quando começo com os exercícios físicos fico numa empolgação fora do normal, mesmo com minhas pernas pedindo pra parar. Uniformizada com a blusa da seleção brasileira minha prima me convidou para ir à caminhada de um dos candidatos a prefeitura de Crato. Como boas “andadeiras” fomos enfrentar mais uma ladeira rumo ao Bairro Pantanal. Nunca tinha ido para tal lugar, mesmo sendo na cidade em que moro. Quando chegamos em frente ao clube, não parava de reclamar: “Tem que subir a ladeira inteira”? Alana me consolava dizendo que não, na primeira esquina nós iríamos dobrar...          Em seguida me desesperei por que lembrei que estava com a camisa da seleção brasileira, a camisa amarela. Amarelo na campanha política da cidade significa o outro candidato, candidato esse que não era o que iríamos ac...

Ivete Sangalo como Maria Machadão

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Espontaneidade e carisma. É assim que Ivete Sangalo dá vida a Maria Machadão. Com um olhar intenso e sotaque característico da personagem e intérprete, o enredo do Bataclã se desenvolve com harmonia. Mesmo com uma personalidade forte que dá segurança as suas quengas, Machadão também tem seu lado Maria. Maria que batalha, Maria que não cruza os braços, Maria que ama. Não é preciso ser “Santa” para ser Maria. É preciso ter história. Atrás de uma figura dura e segura existe um passado que reflete na postura de quem conseguiu sobreviver a uma dura realidade do início do século XX. O amor antigo e ainda aceso pelo o Coronel Ramiro Bastos é o seu passado e presente. Dona de um bordel na década de 20, na pacata Ilhéus, Maria Machadão impõe respeito das quengas e dos coronéis. E por que não dizer das Senhoras da sociedade? O Bataclã de Machadão, ao mesmo tempo em que representa diversão para os homens, também representa a desonra para as mulheres. Dentro daquele cenário, além da di...

Seleção de Guerreiras

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Um espetáculo emocionante. Foi na coragem, na raça e confiança que a Seleção Feminina de Vôlei venceu a partida contra a Rússia nas Olimpíadas de Londres. A pressão que o jogo representava, a lembrança do resultado dos Jogos olímpicos de Atenas e a vontade de conquistar mais um ouro fizeram com que as meninas guerreiras do Brasil se superassem. Superação e tranquilidade definem o jogo que levou o Brasil para a semifinal olímpica.  Sincronia nas jogadas, bolas quase caídas na quadra foram salvas, ataques fortes e alegria a cada ponto conquistado. O Brasil estava concentrado.  Sim, as jogadoras russas não são fáceis, acham o Brasil “um time antipático”. Venceram o primeiro set com dificuldade, um set que a nossa seleção controlou o tempo todo e no final deixou escapar. Mas, o brasileiro já está acostumado com a velha mania dos nossos atletas em querer decidir tudo na última hora. O que mais impressionava era a calma e a serenidade das meninas, serenidade ess...

O extremo que emociona

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       Crônica suave, com simplicidade e imagens incríveis. É assim que se define o Planeta de Extremo do Jornalista Clayton Conservani e de sua equipe. Um intenso trabalho de pesquisa para mostrar lugares e histórias desconhecidas pelo público. O Planeta Extremo vai até onde os sonhos querem ir e não conseguem. O extremo é o planeta!  Planeta desafiado com humildade, revelando a beleza da natureza e de tudo que ecoa sobre ela.        Episódios que emocionam por apresentar uma realidade, que mesmo distante, nos faz refletir como aquilo é possível. Coragem e Desafio. Palavras que definem o bom êxito de Planeta Extremo.  Clayton Conservani aparece como profissional, mas sobretudo como ser humano. Os dois extremos.  A TV aberta ainda oferece opções de qualidade.  A simplicidade está no conteúdo e no texto sem enrolações ou clichês, é a visão do Jornalista mesclado com a emoção de saber que o Planeta Extremo pode ser perigo...

Lindinalva: rejeitada pelas "santas" de Ilhéus, consagrada pelo público

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O drama de Lindinalva se destaca em "Gabriela" e a personagem se populariza Com um olhar expressivo e piedoso, Lindinalva conquistou o público. Na última semana os telespectadores da novela “Gabriela” sofreram com a história comovente da personagem, interpretada pela jovem e talentosa atriz, Giovanna Lancellotti. Depois de ser rejeitada por todas as “santas” de Ilhéus, Lindinalva não teve escolha e procurou ajuda no Bataclã. A cena de sua primeira noite como quenga foi mais falada do que a uma das cenas mais esperadas da novela, onde Gabriela sobe no telhado para resgatar a pipa.  Ao lado do consagrado ator, Chico Diaz, Giovana Lancellotti deu um show de interpretação, causando comoção aos telespectadores com o drama de sua personagem. Uma cena forte e complexa, feita com muito cuidado e ângulos bem direcionados, representando a pureza da personagem dentro de um universo que não é seu, mas que a vida tratou de colocá-la. A atriz, que tem apenas 19 anos, já h...

Imaginação e Rotina

      Cair no marasmo e na rotina é realmente algo doloroso que nos toma um tempo incrível, viver na rotina é caminhar na penumbra, numa penumbra que é necessária, chata, mas necessária! O mundo da imaginação é fascinante e é bastante criticada por aqueles que não a tem, mas viver nela acaba se transformando também em rotina. Momentos. Esses sim são essenciais para diminuir o conformismo e a exaustão do equilíbrio. Equilibrar-se na corda bamba da vida é o desafio da própria vida. E no final, se é que tem um final, todos andam na corda e todos caem, só que em lugares diferentes, nos lugares que escolhemos.          Escolha.  A escolha procura fugir da rotina, a rotina detesta a imaginação e vice-versa, mas o que importa é sentir. É bom viver com os pés no chão, é o reflexo da rotina e precisamos dela para sobreviver, é muito bom também viver no mundo da lua, boiando na imaginação. Equilíbrio. Momentos. Rotina. Imaginação. Escolha. Balançan...

Carrossel embarca na audiência e ultrapassa Record

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O SBT vem surpreendendo aos críticos de TV e telespectadores com a produção da novela infantil “Carrossel”. Exibida na versão mexicana em 1992 no Brasil, o folhetim rendeu bons números para a emissora e foi um marco para as crianças da época. Com um cenário colorido, atores talentosos e uma professora Helena digna da versão passada, o remake da novela está segurando o segundo lugar isolado no Ibope. Quem não está satisfeito é a Record que vem perdendo pontos no mesmo horário, Carrossel é concorrente direto da novela Rebelde, que vem marcando míseros cinco pontos, enquanto que a primeira marca entre 10 a 15 pontos. Rebelde que é a aposta da Record e que até outro dia era o sucesso da emissora, vem decaindo significativamente. E era o que Silvio Santos mais queria, passar da Record. Outro dia no seu programa, uma das atrizes do elenco infantil de Carrossel perguntou ao Silvio: “Quanto a gente precisa para passar a Globo”? O patrão deu uma risadinha e disse: “Da globo tem que ser ...

Os ensinamentos de um sábio

Meu avô sempre sentava no banco de pau que tinha na casa amarela. Ao lado dele ficava o rádio de mão que escutava a missa todo santo dia. O que mais me impressionava era como ele conseguia ser tão sábio sem nunca ter aparecido numa escola, seria educação de berço? Num sábado à tarde cheguei ao alpendre e sentei ao lado dele, ele começou a contar uns causos do tempo de quando ele construiu aquela casa. Em um momento da história me deu vontade de saber que horas eram e aí eu falei: “vovô, vou ali à sala olhar a hora”. No mesmo instante ele respondeu: “esse povo novo se acomoda com tudo que inventam, até com um relógio; num sabe a hora de cabeça, não? Vocês num são a geração do futuro? como podem ser futuro se dependem de tudo? A hora se repete todos os dias e você ainda num sabe que hora é essa? Minha filha olhe pro horizonte e o sol desaparecendo... e agora ,com essas dicas que eu lhe dei, ainda precisa de um relógio?” Eu fiz uma cara de espanto e interrogação e então eu falei: “ é, v...

E os vencedores são...

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Na segunda-feira passada (14) a Revista Contigo premiou os destaques da TV Brasileira. O homenageado da noite foi o Autor de Novelas, Manoel Carlos. Maneco revelou que fará sua última novela em 2013 e que sua próxima “Helena” será vivida por Júlia Lemmertz, em homenagem a sua primeira Helena, interpretada por Lílian Lemmertz (mãe de Júlia) em Baila Comigo . O autor recebeu o prêmio das mãos de quatro de suas Helenas: Maitê Proença, Regina Duarte, Taís Araújo e Júlia Lemmertz. O grande destaque foi que apenas os globais foram premiados. Record e SBT até que concorreram em algumas categorias, mas a Globo levou tudo. A Record viu dois atores, Gabriel Braga Nunes e Marcelo Serrado, que até pouco tempo estavam contratados pela emissora, serem premiados. Helenas entregam o prêmio para Manoel Carlos Foto: Veja Melhor Novela: Cordel Encantado Não entendi por que a novela de Miguel Falabella , “Aquele Beijo” estava concorrendo, mas tudo bem! Já era de se esperar que “Cordel En...

O inferno de Hermila e o céu fantasioso de Suely

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O filme  O céu de Suely,  do diretor Karim Aiñoiz, retrata a vida de uma jovem sonhadora que busca a felicidade e não mede esforços para encontrá-la. Como acontece com muitos nordestinos que se aventuram em São Paulo, a personagem regressa para sua terra natal, Iguatu, e fica a espera do pai de seu filho que nunca volta. Mas, qual o preço dessa felicidade? Para conseguir uma vida melhor, o seu céu, a jovem promove uma rifa ofertando seu próprio corpo como prêmio. A história desenrola-se nesse contexto, trazendo elementos ousados para a constituição do filme. O longa caracteriza-se por apresentar uma narrativa lenta, com a presença de simbolismos, olhares, silêncio, cortes abruptos de uma cena para outra.   Mas a característica central do filme está na simplicidade da narrativa e dos personagens. O tom humanista, naturalista e realista presentes no filme são elementos marcantes para o desenrolar da história. Traz em cena o foco da pobreza, na periferia de Iguat...

O diálogo entre o tempo e o destino

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Um texto sem clichês, com objetividade e emoção. Receita infalível para que o próprio texto se torne o grande protagonista da história. A principal característica da novela das seis, A vida da gente, de Lícia Manzo e direção de Jayme Monjardim, são os diálogos bem escritos e que saltam da boca dos atores numa facilidade que um complementa o outro. A trama entrou no ar substituindo o sucesso de Cordel Encantado. Com uma história que só o destino pode traçar, Lícia fez com que questões do cotidiano, como o amor entre duas irmãs, fosse tema de discussões. Somos acostumados a ver o casal romântico como protagonista das novelas, mas aqui o amor está em toda parte e mais forte nas personagens Ana e Manuela, interpretadas fielmente por Fernanda Vasconcellos e Marjorie Estiano, respectivamente. Em vários momentos da história o público mudou de opinião sobre o destino dos personagens. As cenas sempre trazem uma carga dramática e melancólica representando o sofrimento e o diálogo é tã...

Quem não faz, leva!

Sim, realmente foi inacreditável! Quem viu ainda não conseguiu entender como aquela bola não entrou no gol. O atacante do Flamengo, Deivid, durante a partida contra o Vasco da Gama (Rival da torcida rubro-negra), disputando a semifinal do Campeonato Carioca no Engenhão, perdeu uma oportunidade de finalizar a jogada com o gol. Até hoje é possível escutar os gritos envergonhados dos flamenguistas. O próprio jogador afirmou: “foi o gol mais perdido da minha vida”! Contextualizando, a situação era a seguinte: clássico sempre é clássico e tudo pode acontecer. Pois bem, mais uma vez estavam em campo para se enfrentar os arques rivais Flamengo e Vasco da Gama, disputando um jogo importantíssimo que definiria quem iria para a final do primeiro turno do Campeonato Carioca. Pressão por parte da torcida e dos próprios jogadores. Mas, vamos ao fato. O jogo estava até os 33’ do primeiro tempo empatado em 1x1, gol do flamengo aos 3’ com um lindo chute de esquerda de Vagner Love e aos 25’ empate...